Apesar de não ter sido o primeiro a propor técnicas de tratamento mental para a cura de doenças indeterminadas organicamente, Sigmund Freud é considerado o “pai da psicanálise”. Contudo, as experiências dele vão além desse campo clínico.
Publicado pela primeira vez em 1913, Totem e tabu ganha nova edição pelo Grupo Editorial Edipro com prefácio da psicóloga Caterina Koltay. A obra reúne quatro artigos nos quais Freud aplica a psicanálise à antropologia e à religião. Ele vai a fundo nas origens dos totens, símbolos sagrados reverenciados, e tabus, restrições que limitam a humanidade tanto individual quando coletivamente.
No primeiro artigo, Freud trata da importância do estigma do incesto. O segundo explora a relação entre os tabus das sociedades totêmicas e as neuroses contemporâneas. No terceiro, o médico associa o animismo, a magia e a feitiçaria a compreensões primitivas do universo. Por fim, o quarto trata-se de uma busca às bases do totemismo em um evento singular ancestral. O tabu, proibição imposta por uma autoridade externa e contrário aos anseios do ser, persistia naquele meio, enquanto o totemismo trata-se de uma antiga instituição sociorreligiosa que havia sido abandonada ou transformada.
As interpretações freudianas apontam que a forma como a família foi trocada pela linhagem totêmica continua sendo um enigma e, talvez, a própria compreensão do totem possa esclarecer isso. É necessário considerar: quando existe certa liberdade sexual para além dos limites do casamento, a proibição do incesto é incerta e não se pode abandonar fundamentos para tal.
Mas, se substituímos o casamento individual pelo
casamento por grupos, compreendemos o aparente
excesso na prevenção ao incesto, excesso que
encontramos entre esses mesmos povos. A exogamia
totêmica, a proibição às relações sexuais entre
membros do mesmo clã, parece-nos o meio adequado
para se evitar o incesto grupal, e esse meio, então, foi
fixado e sobreviveu à sua motivação por muito tempo.
Totem e tabu, p.23
Ao formular uma hipótese que mescla biologia e etnologia, o psicanalista constrói um mito para explorar as raízes da sociedade. Freud propõe que um grupo de filhos oprimidos se rebela contra a tirania do pai e o matam em um ritual totêmico (ao devorá-lo, incorporaram as qualidades dele e se reconhecem como irmãos). Depois, quando notam que a ambição individual de substituir o pai levaria ao conflito, renunciam à violência e ao incesto.
“O que se deduz desse mito é que o crime é um ato fundador, tendo a civilização nascido de um crime em comum pelos irmãos, assim como a constatação de que a civilização não só se inicia por meio do crime como se perpetua por ele”, comenta Caterina Koltay sobre Totem e tabu. Indispensável para a compreensão da psique humana e das complexidades da existência em sociedade, a obra de Freud conclui que os impulsos primordiais ecoam no comportamento humano e alguns acontecimentos fizeram a humanidade substituir o estado arcaico por um novo contrato social.
FICHA TÉCNICA
Título: Totem e tabu
Autor: Sigmund Freud
Editora: Edipro
Número de páginas: 192
ISBN: 9786556601564
Preço: R$ 43,90
Onde encontrar: Amazon
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Sobre o autor: Sigmund Freud (1856-1939) é considerado o pai da psicanálise por causa de esforços e dedicação a essa nova disciplina. Ele iniciou investigações nesse âmbito ao observar a melhora de pacientes histéricos submetidos à hipnose, analisados principalmente no trabalho do médico francês Jean-Martin Charcot. A partir de então, desenvolveu uma série de teorias sobre o inconsciente. Destacam-se suas teorias do Complexo de Édipo e da Repressão Psicológica. De família judaica, teve de refugiar-se na Inglaterra por conta da ascensão do nazismo, onde morou até sua morte, aos 83 anos de idade.
Sobre a editora: O Grupo Editorial Edipro tem como propósito, desde 1977, publicar obras que ajudem na evolução do leitor. Edipro é formação, inspiração e entretenimento. Ao longo dos anos, são mais de 500 títulos publicados nas principais áreas do saber e novos selos foram criados, como Caminho Suave e Mantra.
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