A mesa literária política Desejos e limites do Estado aconteceu às 11 horas do dia 17 de outubro, com a portuguesa Mariana Trigo Pereira e Flávio Morgenstern e mediação do curador da Flica, Aurélio Schommer.
A economista começou sua fala contextualizando Portugal em relação à UE. Para Mariana, o país enfrenta problemas causados, entre outras coisas, pela moeda única do bloco, pela concentração de recursos em Lisboa e Porto – causando certo esvaziamento no interior de Portugal e menor identificação das pessoas com a política -, e pela ausência da solidariedade europeia, cujos ideais iniciais, na opinião da autora, se perderam.
Indo ao cerne do debate, Aurélio trouxe à tona o Estado do Bem Estar Social e as políticas sociais como temas. De direita, Flávio Morgenstern, se posicionou contra a influência estatal na sociedade. De acordo com o autor, o Estado tem de servir exclusivamente para garantir liberdade e segurança, o que for além disso prejudica estes mesmo referenciais.
Para Mariana, no entanto, o Estado-providência tem sido atacado com argumentos facilmente refutáveis. De acordo com a economista, fala-se sobre tamanho e peso e quase nunca sobre o “melhor” Estado, já que, nas palavras dela: “Só ele chega a todas as pessoas e consegue combater as desigualdades”.
Polemizando a conversa, Flávio apontou que a questão da desigualdade no Brasil e no mundo é vista com certo vitimismo, tratada como uma mal em si e nunca como parte de um todo. “Isso gera concentração de poder nas mãos dos políticos e um Estado cada vez mais centralizado”, explicou.
Sobre programas sociais com distribuição de recursos, como o Bolsa Família, ou o RSI, em Portugal, Mariana definiu-os como direitos muito menos onerosos para o Estado do que subsidiar organizações para fornecerem sopa para as pessoas, por exemplo. Além disso, a autora frisou o impacto positivo que tais programas causaram às famílias em Portugal, já que, assim como no Brasil, para receber o benefício é preciso ter todos os filhos matriculados e frequentando o colégio.
Flávio, por sua vez, destacou a centralização como um sintoma que começa no sistema educacional e, sobre programas sociais, afirmou: “Eu não quero que 40 milhões de pessoas estejam inseridas nesses programas, mas que o Estado dê subsídio para que essas pessoas não precisem de programas sociais”.
Mariana Trigo Pereira finalizou: “Eu quero viver numa sociedade com oportunidade para todos de ascender socialmente. Que a gente sinta que o Estado somos todos nós. Quanto às visões diversas, acho-as importantes. Essa convivência nos torna atores mais alertas e exigentes”.
Ao término da mesa literária Desejos e limites do Estado, os autores seguiram para a sessão de autógrafos. Mariana Trigo Pereira autografou seu livro em parceria com Pedro Adão e Silva, Cuidar do futuro, os mitos do Estado Social português, pela editora Clube do Autor. E Flávio Morgenstern o Por Trás da Máscara – do Passe Livre Aos Black Blocs, As Manifestações Que Tomaram As Ruas do Brasil, pela Record.
O Governo do Estado da Bahia apresenta a Flica 2015 e o projeto tem patrocínio da Coelba, da Oi e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e apoio cultural da Oi Futuro, da Prefeitura Municipal de Cachoeira, do Sebrae, da Odebrecht e da Caixa Econômica Federal. Um evento realizado pela iContent e Cali.
O quê: Festa Literária Internacional de Cachoeira – Flica
Quando: 14 a 18 de outubro de 2015
Onde: Município de Cachoeira, a 110 km de Salvador
Entrada gratuita
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