Entre críticos, parvos e professores foi a mesa composta pelos críticos literários Rodrigo Gurgel e Silvério Duque, com mediação do também crítico Cristiano Ramos, às 19 horas, do dia 16 de outubro.
Cristiano começou o bate-papo com uma provocação questionando os autores sobre quem são os parvos na crítica literária. Rodrigo Gurgel afirmou que o são os críticos que não criticam e os que se fecham no hermetismo acadêmico, sendo incompreensíveis ao leitor. Silvério Duque concordou com a opinião de Gurgel, acrescentando que tais parvos formam círculos de autolegitimação, esvaziando o diálogo na produção literária.
Rodrigo Gurgel retomou a história ao lembrar que essas ilhas de autolegitimação na literatura existem desde o Romantismo. Período em que os mesmos que escreviam se liam e se criticavam. Duque complementou citando o Modernismo e os movimentos literários subsequentes como exemplos de “panelinhas”.
As consequências desse fato alcançaram nosso tempo e, para Gurgel, o diagnóstico não é bom: “Infelizmente, no Brasil, nós perdemos a capacidade de debater de maneira aberta e franca sobre os mais diferentes problemas. O que é seríssimo, já que é o diálogo que fomenta ideias”.
Silvério Duque apontou ainda a era da reprodutibilidade técnica, teoria de Adorno, como a responsável pela arte estar cada vez mais rasa. Na opinião do autor, reproduzir a sua imagem enquanto escritor passou a valer mais do que a qualidade da obra.
Sobre a redução dos espaços na mídia tradicional, Gurgel foi incisivo e polêmico: “A crítica literária no Brasil tem o espaço que merece. Com seu discurso hermético, repleto de jargões, ela tem afastado os leitores dos cadernos literários. O jornal, que não é ONG, fecha esses cadernos com razão”.
Os autores sinalizaram ainda a importância urgente de se formar novos leitores. A partir daí, a conversa chegou à precariedade das condições de trabalho dos professores. “Não há classe de trabalhadores que seja mais vilipendiada e desprezada do que esta. Estamos num País que despreza o conhecimento”, afirmou Gurgel.
Entre parvos, críticos e professores, existe, para Duque, a paixão pelo ofício de escrever, a necessidade da crítica como diálogo e os leitores como ponto fundamental de equilíbrio. Aqui, não cabe preconceito com gêneros diversos ou o ensimesmamento de autores e críticos.
A programação musical da noite ficou por conta da Orquestra Reggae de Cachoeira e do guitarrista baiano Sine Calmon. Os shows aconteceram ao lado do Claustro do Convento do Carmo.
O Governo do Estado da Bahia apresenta a Flica 2015 e o projeto tem patrocínio da Coelba, da Oi e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e apoio cultural da Oi Futuro, da Prefeitura Municipal de Cachoeira, do Sebrae, da Odebrecht e da Caixa Econômica Federal. Um evento realizado pela iContent e Cali.
Confira a programação da Flica no site: www.flica.com.br
O quê: Festa Literária Internacional de Cachoeira – Flica
Quando: 14 a 18 de outubro de 2015
Onde: Município de Cachoeira, a 110 km de Salvador
Entrada gratuita
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