Segundo a Associação Brasileira de Halitose, o mau hálito afeta cerca de 30% da população no país. No entanto, esse indicador pode chegar a 45%, se forem consideradas também quem sofre com ansiedade apenas por achar que tem halitose, sem realmente tê-la.
Esse assunto, que infelizmente costuma ser tabu, é envolto por mitos, dúvidas e curiosidades que impedem a busca por ajuda. “Muitas pessoas sofrem quase obsessivamente por conta do cheiro na própria boca e isso prejudica a autoestima a ponto de causar isolamento social e afetar relacionamentos, até mesmo no trabalho”, explica o dr. Maurício Conceição.
Dentista com mais de 30 anos de experiência clínica e autor do livro “Confie no seu hálito”, ele aproveita a passagem do Dia Nacional de Combate ao Mau Hálito (22/09) para compartilhar dicas práticas e confiáveis que contribuem com a identificação e solução desse problema. Confira!
1. Conheça os principais mitos
A primeira coisa a se fazer é esclarecer alguns mitos, como as crenças de que o mau hálito vem do estômago e de que as pessoas possam sentir o cheiro da própria boca. Primeiramente, fica claro que o problema não vem do estômago, pois, quando falamos e respiramos, o ar vem dos pulmões. Além disso, por conta do que se chama de fadiga olfatória, os seres humanos rapidamente se adaptam aos odores se eles forem constantes.
2. Entenda as causas mais comuns
A maioria dos casos de halitose tem origem na própria boca e estão relacionados a saburra lingual (ou biofilme lingual), doenças periodontais (na gengiva) e aos cáseos amigdalinos. Ainda há causas indiretas, que podem incluir respiração bucal, ronco, má higiene bucal e uso de produtos de higiene bucal contendo álcool ou lauril sulfato de sódio.
3. Como saber se você realmente tem mau hálito
O primeiro passo é ter uma pessoa de confiança, seja ela um amigo, familiar ou o próprio dentista, para realizar um teste chamado de organoléptico. A uma distância de 15cm da boca do paciente, a outra pessoa deve ser capaz de classificar o hálito com nota 0 (sem odor), 1 (odor natural ou normal) ou 2 (odor ruim).
É normal que o hálito tenha cheiro, especialmente o hálito bucal, pois a boca é o segundo lugar no corpo humano com mais bactérias. O que não pode ocorrer é ser um odor ruim. Esse teste ajuda na construção de autoconfiança, além de ser uma ferramenta acessível para determinar a necessidade de tratamentos para halitose.
4. Fuja das trends da internet
A maioria dicas que “viralizam” na internet não têm base científica e podem até piorar a situação. Por exemplo, enxaguar a boca com vinagre ou bicarbonato de sódio pode causar irritações e danificar o esmalte dos dentes. Mascar chicletes sem açúcar, cravos e gengibre, apesar de proporcionar alívio temporário, não resolvem a origem do problema
Outra prática que ganhou fama é mastigar carvão puro, ou “detox” bucal. Além de também causar abrasão no esmalte dos dentes, isso pode irritar as gengivas e a mucosa da boca, o que pode agravar a situação.
5. Use produtos confiáveis
Para encontrar os produtos certos, procure os que atuam para combater não apenas a consequência, mas as causas do mau hálito: enxaguantes que atuam sobre doenças na gengiva geralmente contêm cloreto de cetilpiridínio, triclosan, peróxido de hidrogênio, entre outras substâncias; já os que agem sobre os gases responsáveis pelo mau hálito contêm zinco.
A boa higiene bucal, que inclui escovação consistente da língua e não apenas dos dentes, também auxilia na manutenção de um bom hálito.
6. Saiba quando procurar um especialista
Por trás das causas do mau odor está a proliferação de bactérias que produzem o cheiro desagradável. Por isso, é indispensável identificar a fonte de tais bactérias, já que doenças na gengiva, por exemplo, muitas vezes exigem cuidados especializados.
Além disso, a halitose também tem o potencial de causar imenso sofrimento emocional e psicológico, já que falar de perto e construir intimidade está diretamente atrelada à confiança no próprio hálito. Buscar um atendimento profissional, que possa orientar e assegurar o paciente também é o ideal nesses casos.