Ao longo desse mês, com a passagem do Dia Nacional de Combate ao Mau Hálito, celebrado em 22 de setembro, teremos a oportunidade de reforçar a importância de conscientizar a população sobre a halitose.
Esse tema me move pessoal e profissionalmente, pois ao longo de 30 anos como dentista vi em primeira mão os estragos da ansiedade social causada pelo popular “bafo”.
O tratamento do mau hálito é quase um tabu: muitas pessoas têm vergonha de compartilhar as inseguranças com relação à própria saúde bucal e buscam tratamentos caseiros, amadores e perigosos para resolver um problema que, em geral, tem soluções simples.
Durante meu Mestrado em Psicologia, investiguei os efeitos emocionais causados pelo hálito forte e desenvolvi uma pesquisa entrevistando pacientes sobre o assunto. Descobri que 50% dos voluntários apresentavam sintomas típicos de ansiedade social.
Muitos de meus pacientes que acreditam ter halitose costumam recusar uma nova e promissora carreira, se neste novo trabalho tiverem de conversar próximo as pessoas. Alguns desistem de estudar ou trabalhar, outros deixam de se relacionar e não querem mais beijar. Tudo por causa do mau odor severo que eles acreditam ter e raras vezes têm.
É essencial que todos entendam a importância de testar o hálito com alguém de confiança e que sejam incentivados a dar esse passo. Muitos sofrem durante anos sem nunca conversar a respeito da própria insegurança. Por sofrerem calados, essa situação só se agrava.
A maioria dos casos de mal cheiro têm origem na boca, principalmente devido à saburra ou biofilme lingual e doenças como gengivite e periodontite. Outras vezes, a origem está associada à respiração bucal, ao ronco, à má higiene bucal, ao bruxismo, ao hábito de morder os lábios ou bochechas e outros comportamentos passiveis de correção.
Claro, vale reforçar que a busca por atendimento especializado é fundamental – seja para diagnosticar uma enfermidade que requer tratamento, seja para entender que algumas poucas mudanças de hábito resolvem um problema que tem o potencial de trazer tanta angústia.
Acredito que o tabu sobre as discussões acerca do mau hálito deve cair por terra. Quando ignorado, o odor bucal pode se tornar uma barreira invisível que isola as pessoas, afastando-as do convívio social e afetando sua autoestima e qualidade de vida.
Tratar o mau hálito de forma adequada pode ser a chave entre uma vida de solidão e tristeza e uma existência vibrante, cercada de pessoas queridas e momentos felizes. A halitose não deve ser um motivo de vergonha, mas sim um chamado para o autocuidado e a busca por bem-estar. Todos devem ser capazes de confiar no próprio hálito!
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Dr. Maurício Conceição é dentista (CRO-SP 34.205), especialista em Halitose e autor do livro “Confie no Seu Hálito”