Entre os problemas do cotidiano, quantas vezes já nos perguntamos: o Brasil não é para amadores? Às vezes, parece mesmo não ser. Em uma região marcada pela herança colonial, que resultou em profundas desigualdades sociais, a população precisa sempre arranjar um “jeitinho” de viver e ser feliz. É essa força em superar desafios com resiliência e teimosia que Marco Brito Mioni transmite em Os amadores do Brasil, um conjunto de contos que apresenta os retratos múltiplos dos conterrâneos tupiniquins.
O livro entrelaça crítica, humor, ironia, romance e tragédia ao respeito às pessoas que foram responsáveis por construir um Brasil diverso. Com um olhar afetivo ao país, o escritor celebra a pluralidade cultural, que reverbera nos costumes, sotaques, relações e até mesmo nos sonhos de um futuro melhor.
Dividida em três partes e 23 histórias, a obra atravessa o tempo e o espaço. Narra desde um mito fundador sobre o surgimento da Bahia, no conto “Deus é brasileiro”, até o futuro de um país que, em 2.200 d.C., torna-se a maior potência do mundo, em “A Quarta Guerra Mundial”. As narrativas também percorrem todas as regiões, do Norte ao Sul, mostrando que a singularidade do povo brasileiro está, na verdade, em sua multiplicidade.
Aqui, neste país, nada se cria, tudo se copia. Igualmente, como nos Estados
Unidos da América, resolvemos formar uma federação, sem ter noção do que
isso significava, mas para não perder a mão na dose, copiamos também os
estados centralizados da Europa. E assim com resquícios de crueldade, como
um ornitorrinco, com bico e pés de pato, com mamas para alimentar os filhotes
que nascem em ovos, com pêlos de castor, fizemos uma federação baseada
na Confederação Americana do Norte misturada com as ideias e conceitos de
vários estados unitários da Europa.
Os amadores do Brasil, p. 87
As histórias são divertidas à medida que analisam as contradições próprias da formação do país. Em “Estados Unidos do Brazil”, uma paraense falsifica a certidão de nascimento da neta para que ela conste como filha de um militar falecido e ganhe pensão. “Isso vai acabar em Pizza” apresenta a busca de um gaúcho pelo reconhecimento de sua nacionalidade italiana, mediante a inundação do Rio Guaíba. “Uma esmola, por favor” narra a inusitada relação entre um motorista de caminhão e um grupo de pedintes na frente de um supermercado em Campo Grande. Já “O Brasil em uma imagem” brinca com o Cristo Redentor e questiona sua figura simbólica na sociedade.
“Meu projeto nasceu da vontade de fazer nosso povo se ver no espelho e passar a se amar até na dor, daí o trocadilho com o título de quem ama até nas dores. O livro é um convite para rir e para refletir sobre quem é nosso povo, quem somos, como vivemos e como superamos este carimbo de que ‘o Brasil não é para amadores’”, explica o autor.
FICHA TÉCNICA
Título: Os amadores do Brasil
Autor: Marco Brito Mioni
Editora: O Livreiro Galo
ISBN: 978-65-01-60182-3
Páginas: 214
Preço: R$ 62,56 (físico) | R$ 13,99 (e-book)
Onde encontrar: Uiclap | Amazon
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Sobre o autor: Marco Brito Mioni é escritor e servidor público federal, formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pós-graduado em Direito Administrativo pela Faculdade São Luiz, em São Paulo. Ele sempre sonhou em ser escritor e publicou o primeiro livro aos 29 anos. Mas foi em 2025, aos 41 anos, que decidiu investir mais na carreira: além de contos e crônicas, publica Os amadores do Brasil, que une sua paixão pela literatura com seu amor pela história do país.
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