A jornalista Dílvia Ludvichak escreveu o livro Favela, baseado na história do marido, que cresceu em uma favela. A obra retrata a trajetória do menino Pepeu. Nascido no Morro do Dendê, no Rio de Janeiro, ele é uma criança sagaz e inteligente, que conta seus pensamentos e descobertas sobre o lugar onde mora. Com imensa felicidade, o pequeno mostra um mundo todo colorido, em que as principais preocupações das crianças são apenas as suas diversas brincadeiras:
“Empinar pipa na laje,
jogar bola,
brincar de pique-esconde,
pique-bandeira e outras brincadeiras era parte de nosso dia.”
Além de contar um pouco do seu dia a dia, Pepeu também fala sobre acontecimentos históricos de grande valia, como a origem da Favela, por exemplo. De acordo com o personagem, ela surge depois da Guerra de Canudos, época na qual os soldados que voltaram para o Rio de Janeiro ocuparam o Morro da Providência, chamando-o “Morro da Favela”. Com linguagem simples e poética, o livro mostra outra visão sobre o viver infantil nas comunidades. Sob o olhar lúdico de uma criança, a obra retrata uma vida cheia de aspectos mágicos, na qual a simplicidade não é motivo para deixar de ser feliz.
“A gente torcia para que os dias passassem ligeiro e que o final da tarde viesse com chuva, pois a chuva, para quem não sabe, lava coração de menino.”
Apesar de toda a beleza retratada dentro da comunidade, a autora também mostra que lá existem perigos. Retratados de forma leve e sutil, eles têm sua expressão máxima na seguinte fala do personagem principal:
“E tínhamos medo das coisas próprias da favela, para as quais a
gente bem cedo é treinado. Menino de favela precisa ser sagaz”
Mesmo assim, a cada página ainda predomina a faceta bela e colorida do viver no morro: Pepeu sempre é descrito como uma criança feliz e despreocupada. Com muitos desenhos feitos em mosaico (trabalho de Rogério Coelho, ilustrador profissional de vários livros e revistas desde 1997), as gravuras atingem um efeito tridimensional, algo que chama a atenção de um grande público infantil.
Por fim, pode-se dizer que Dílvia Ludvichak teve uma grande ideia ao abordar em Favela aspectos da realidade das comunidades, muitas vezes desconhecidos pelo público infantil. Indo além da violência falada nos noticiários, a autora mostra que a vida dentro da favela é muito mais do que o “cinza” visto por quem está de fora.
“Às vezes eu penso que o mundo olha para a favela como num espelho distorcido. Há tanta coisa bonita que não aparece, há tanta coisa que enobrece a alma, há vida.”
FICHA TÉCNICA:
Editora Mundo Mirim
Autor: Dílvia Ludvichak
Ilustração: Rogério Coelho
Formato: 16×23
I.S.B.N.: 978-85-8232-016-7
Número de páginas: 32
Sobre a autora: Dílvia Ludvichak nasceu em Lages, um município de Santa Catarina, mas atualmente mora em São Paulo, onde trabalha há mais de vinte anos no mercado editorial. Formou-se em jornalismo, mas sua paixão é a literatura para crianças e jovens. Já lançou alguns livros e, conforme promete, muitos outros já estão em sua cabeça e em seu coração.
Sobre o ilustrador: Rogério Coelho é um paulista que mora atualmente em Curitiba. Desenha desde pequeno e fez das ilustrações uma companheira pelo resto da vida. Já ilustrou muitos livros e recebeu alguns prêmios, como o Altamente Recomendável, da FNLIJ, e o prêmio Jabuti.
Sobre a Editora: A Mundo Mirim é uma editora voltada ao público infantil e juvenil, cujas publicações para crianças e adolescentes têm o intuito de estimular o prazer de ler, fazer um apelo à imaginação e trazer à tona as grandes ideias que uma boa leitura desperta. Além disso, como a infância é uma fase de constante aprendizado, alguns livros também permitem abordagens didático-pedagógicas, um diferencial que amplia as possibilidades de aproveitamento das obras.
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