O HOMEM SEM RELÓGIO: Sonetos Dissonantes é uma acolhida de Carlos Henrique Costa ao homem ocidental que segue incessantemente em busca de escapar do tempo – sempre tão curto –, para viver melhor e com plenitude.
Endossada pelo poeta e crítico Alexei Bueno, a obra em forma de sonetos é um verdadeiro depoimento literário sobre um período vivenciado pelo próprio autor, como homem e artista. A junção dos poemas revela uma história sobre a compulsória missão de existir, assim como destaca a autêntica forma em que as pessoas vivem sem pensar nela.
Confira a entrevista inédita com o autor:
1. Quando e como surgiu sua paixão pela escrita?
Carlos Henrique Costa: Logo cedo, na infância, convivi de perto e intensamente com as palavras. Além das aulas de língua portuguesa do colégio, eu ainda tinha o reforço de uma “explicadora”, professora particular da época. Assim, consolidou-se em mim uma ótima base no idioma e, além, um prazer até sinestésico, já que o papel tinha o cheirinho de mimeógrafo, era gostoso de pegar, assim como o som dele ao ser dobrado. E a “tia” me passava muitos exercícios de caligrafia.
Passei a gostar de escrever como se estivesse desenhando, sentia prazer ao ver o resultado visual das letras. Junto a isso, eu adorava ler em voz alta, ou em sala de aula, ou estudando em casa. Era o melhor aluno de português, com destaque para as redações. Depois, no início da adolescência, aos 14 anos, tive o primeiro poema, “Ausência”, publicado e mencionado pelo professor de literatura como exemplo de síntese, já que, segundo ele, o texto dizia muito em poucos versos.
2. Como surgiu a oportunidade e motivação de escrever “O HOMEM SEM RELÓGIO”?
C. H. C.: Meu livro anterior, “Lira dos sentidos”, saiu em 2014. E foi bem realizado, como bem avalizado: a contracapa quem assinou foi o crítico, poeta e tradutor Ivan Junqueira (in memoriam). Pensei: “Preciso fazer algo novo, ou, ao menos, que dialogue com o segundo livro de poesia”. Daí que, um dia, exausto, após várias horas de labor concentrado, sinto o pulso esquerdo apertado, até marcado pela pulseira do relógio.
Então, retiro-o imediatamente e, ao pousá-lo na estante, falo convicto: “Chega! Agora serei o homem sem relógio”. Um impulso, e nascia o poema, posteriormente ampliado em livro. Além disso, moveu-me o anseio de completar a trilogia de livros de poemas com temática voltada para o tempo, resolvendo publicar após sete anos de gestação vivencial e artística.
3. Qual é a principal mensagem que o livro traz ao leitor?
C. H. C.: Creio ser a constatação de que o presente deve ser vivido com intensidade, com o máximo de solução possível, ou seja, mistura concentrada entre o eu e o outro, na medida certa para cada um. Entre ruínas e fortunas, o ser humano precisa descobrir, assumir e cumprir seu próprio caminho. Nisso reside a dádiva de existir.
Em outras palavras, na medida em que é o desejo quem nos move rumo ao instante, ao agora, ao hoje, a tendência é haver uma libertação individual e coletiva das amarras, distrações e burocracias do cotidiano. Ou seja, é o amor o grande responsável por jogarmos fora o relógio.
4. Na obra o elemento principal é o tempo. Nos dias de hoje, como aproveitar o tempo da melhor forma possível e viver com amor e plenitude?
Em meio a uma avalanche de informações que fatalmente nos distraem com seus encantos, o maior desafio é filtrá-las, a ponto de mixá-las para a posterioridade, transformá-las em conhecimento, concentrando-se, sobretudo, no autoconhecimento, numa espécie de tentativa minimalista de ser: menos é mais.
Ou seja, extrair do joio do trigo a fim de fazer o pão único e individual, sem o qual nos condenamos ao infortúnio, mas com o qual nos movemos em rumo permanente ao autoencontro, feliz e pacificador.
5. “O HOMEM SEM RELÓGIO” é o seu livro mais recente; você tem outros projetos literários em mente para o futuro?
Tenho. Há tempos me seduz a ideia de fazer um livro de prosa, talvez um combo de contos e crônicas. Inclusive, por ser algo novo para mim. Já estou reunindo material o bastante para realizar o projeto. Falta selecionar, organizar e maturar os originais. Afinal, tem muito a ver com minha poética, pois ela tange muito o estilo prosaístico, escorreito e mais próximo do coloquial.
SOBRE O AUTOR: Carlos Henrique Costa é poeta, contista e jornalista. Bacharel e licenciado em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), publicou dois livros de poemas: “Tempo desejo” (2006) e “Lira dos sentidos” (2014). Recentemente, participou das seguintes antologias: “Poesia Agora”, “Rasgando a mordaça” e “Conto Brasil”.
Para saber mais sobre o livro “O HOMEM SEM RELÓGIO”, clique aqui!