Dilemas maternais, risadas, aprendizados e recomeços compõem Com amor, mamãe, ficção da escritora Analu Leite. Na obra, a autora baiana e mãe de gêmeos traz as dores e as delícias de ser mãe por meio das cartas que a personagem principal escreve para a filha, desde o nascimento até a vida adulta.
O enredo foi inspirado na vivência pessoal da autora e de amigas próximas do grupo de apoio “Turma do Peito”, com o objetivo de tornar visível a maternidade como ela é. Estas experiências reais e a carreira de escritora que Analu detalha na entrevista inédita abaixo. Confira:
1. Quando e como surgiu sua paixão pela escrita?
Analu Leite: A paixão pela escrita surgiu a partir da paixão pela leitura, incutida por minha mãe desde muito pequena. Aliás, ela é a grande responsável por esta inclinação literária, já que exerceu a docência de Língua Portuguesa e Literatura durante sua vida profissional e fez do ofício um sacerdócio, com que contaminou os que estavam à sua volta.
2. Como surgiu a oportunidade e motivação de escrever “Com amor, mamãe”? Apesar de ser uma ficção, é inspirado nas suas vivências pessoais?
A. L.: Sempre desejei escrever uma ficção, mas não tinha esse plano para um futuro próximo, quando fui chacoalhada pela intensa vivência da maternidade de gêmeos – que ganhou outros graus de energia e insegurança com a pandemia pelo novo Coronavírus.
Trancada com meus filhos imberbes e conectada com outras mães pelo aplicativo de mensagens, senti imensa vontade de contar a história de mulheres comuns que se tornam extraordinárias na jornada que, para os não iniciados, parece tão simples: criar seres humanos!
Assim, comecei a retratar a Turma do Peito, grupo de apoio do qual faço parte, e quando notei já estava misturando com os relatos das minhas tias, amigas e de tantas outras mulheres e situações que brotaram da imaginação, mas que retratam a maternidade da maneira como ela é.
3. A Turma do Peito, que é citada no livro, é uma rede de apoio de mulheres da vida real. Pode contar um pouco sobre este grupo e como ele fez parte da sua vida?
A. L.: A Turma do Peito foi um grupo de apoio criado por uma amiga durante nossas gestações. Maria Helena, que viria a inspirar a personagem Fernanda, juntou inicialmente seis mulheres de nossa pequena cidade num grupo de WhatsApp, para que pudéssemos realizar trocas de experiências e estar mais próximas. Eu logo pensei: “até parece que isso vai dar certo…” Mas deu!
O grupo é maravilhoso. Nossos filhos nasceram em períodos próximos, estão sempre em fases parecidas (e nós também). É reconfortante estar ao lado de mulheres que te entendem, que sabem pelo que você está passando, e que não vão te julgar pelo seu cansaço e exaustão. Sempre que podemos nos encontramos, rimos e lambemos nossas crias. Juntas! Acho que faremos isso por muito tempo ainda, assim como as personagens do livro.
4. Qual é a principal mensagem que o livro traz ao leitor?
A. L.: Que há muito mais sob a pele da mãe. Que os estereótipos estão vencidos e defasados. Que a mulher quer ser mãe, sem deixar de ser profissional, de ter amigos, de ter vida social, de ter desejo sexual. Que a maternidade não precisa ser o fim de uma vida produtiva, que se enterra na absoluta exaustão e sobrecarga de um lar mal (não) dividido, e que jogar todo o abuso sob o “amor de mãe” é uma armadilha vil. É um convite à reflexão, ao riso e às lágrimas.
5. Você diria que a sua obra é indicada apenas para mães ou o público em geral também se identificará com o enredo?
A. L.: Não é um livro apenas para mães. Absolutamente! A identificação que surge com a mãe, também surge com a filha, Ana Beatriz, surge com o esposo Jonas, com as demais personagens. São tantas as situações retratadas, que é impossível não se ver ou não reconhecer alguém ali.
6. Além desta obra, você pensa em lançar outros projetos literários no futuro? Se sim, quais?
A. L.: Estou escrevendo um segundo romance. Nesse novo projeto, o tema da maternidade distancia-se um pouco para dar espaço a aspectos da vida regional do Sul da Bahia. No entanto, a protagonista mais uma vez será uma mulher, dessas cheias de marcas e de vontade de vencer na vida, uma saga sobre o poder da educação. O lançamento está programado para 2023.
Sobre a autora: Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz e Mestre em Direito Processual Constitucional pela Universidad Nacional Lomas de Zamora (Argentna). Servidora Pública do Poder Judiciário da Bahia desde 2008, atuando como assessora de magistrado desde 2010.
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