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OS FILHOS HOJE SÃO O REFÚGIO DOS SONHOS OU DOS MEDOS DOS PAIS?

Na era dos especialistas, pais se tornam gestores e filhos viram órfãos de pais vivos

16 de outubro de 2025
Tempo de leitura: 6 mins de leitura

*Texto de Francisco Neto Pereira Pinto 

O poema Pedido de adoção, de Adélia Prado, inicia-se como uma declaração prosaica, banal, mas que, de tão humana, demasiada humana, como diria Friedrich Nietzsche, cala fundo em cada um de nós: Estou com muita saudade/ de ter mãe, diz o eu lírico, e continua: poderia ter a pele vincada, os cabelos para trás, e os dedos cheios de nós, de tão velha. Tão velha quase podendo ser a mãe de Deus – somente não poderia ser a mãe de Deus por ser tão pecadora. 

No entanto, para a voz do poema, pouco importa se pecadora ou não: ela estava com saudade de ter mãe. No mês em que se celebra a infância, esse poema nos ajuda a interpretar um fenômeno bastante presente no mundo contemporâneo – crianças que, diferentemente do poema de Adélia Prado, são órfãs de pais vivos. 

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Os pais não estão mortos, mas não se sentem legítimos  

A infância e a importância que os filhos assumem no universo dos pais é algo relativamente recente na história da cultura ocidental. O filósofo francês Luc Ferry, em seu livro Famílias, amo vocês, explica que, até por volta do século XVIII, na Europa, os filhos das famílias que tinham dinheiro não eram criados pelos pais, mas entregues a amas de leite, que os levavam para suas casas e lá cuidavam deles. Cerca de 60 a 70% dessas crianças morriam, e isso não constituía nenhum escândalo e não causava comoção alguma. Às famílias importavam apenas o primeiro filho homem, porque a ele cabia ser o herdeiro dos negócios da família. A centralidade dos filhos na atenção dos pais coincide, explica Ferry, com a invenção do casamento por amor, quando as famílias passam a ser regidas pela lógica do afeto, e não do dever. 

De fato, já em 1914, Sigmund Freud, em seu texto Sobre o Narcisismo: uma introdução, confirma que, no século XX, as crianças ocupavam um lugar de importância central no universo dos pais. É neste texto que aparece a famosa expressão freudiana sua majestade o bebê, utilizada pelo psicanalista para tornar sensível como as crianças figuram como o refúgio dos mais altos ideais dos pais, ou seja, os filhos são, ao mesmo tempo, a encarnação dos filhos que os pais gostariam de ter sido e carregam, em seu futuro, a responsabilidade de se tornarem o que seus pais sonharam ser, mas não conseguiram. 

Porém, com as pulverizações que assolaram os modos de viver das sociedades na passagem do século XX para o século XXI, a instituição família se fortaleceu, mas as imagens de pai e mãe se tornaram líquidas, sem muita consistência, como diria Zigmunt Bauman. Sem saber muito bem o que significa ser um pai ou uma mãe, e frente à possibilidade de ser a versão que quiser e puder ser – cuidar dos filhos se tornou não um exercício autoral desenvolvido com a liberdade que a função oferece, mas sim uma espécie de gerência que os pais desempenham temerosos por causa da opinião de uma multiplicidade de especialistas que se ocupam do infantil. 

Adota-se uma criança 

O medo de causar danos aos filhos, ou de não estar dando o seu melhor, tem levado pais e mães a agir mais como gerentes dos cuidados dos filhos do que como pais – de fato e de direito: alguém que se sente legítimo para dizer você é minha, é meu, e eu vou cuidar de você. Zigmunt Bauman, em seu livro O mal-estar da pós-modernidade, já sinalizava, no final do século passado, que o relacionamento entre pais e filhos passava por uma espécie de esfriamento – para não dizer distanciamento, dado o medo de que as expressões de afeto, carinho e intimidade pudessem ser mal interpretadas pelos filhos, causar traumas e, mais que isso, resultar em os pais sofrerem processos.  

Na verdade, hoje os pais temem de tudo e, em busca de garantias, sempre têm, para os que podem pagar, é claro, um especialista para cada aspecto da vida: para ensinar a dormir, a comer, a escovar os dentes, a brincar, e a lista pode continuar com os exemplos de cada família. Um tipo ilustre dessa inibição parental se traduz no temor de nomear o gênero da criança ao nascer ou na escolha de um nome neutro para não violar o direito de o filho ou a filha se autodeterminar. 

Como resume bem a psicanalista Vera Iaconelli, em seu livro Criar filhos no século XXI, os pais hoje procuram se precaver até mesmo de uma possível doença geneticamente transmissível, como se houvesse uma garantia para todos os riscos inerente ao estar vivo. Nesse sentido, dado tamanho temor e inibição que atravessam a parentalidade contemporânea, a infância se vê ameaçada por um tipo de abandono ético, que é o da responsabilidade. Muitas crianças se tornam, então, órfãs de pais e mães vivos. 

Dentre todos os cuidados que um pai e uma mãe podem exercer, é o de garantir a si mesmo e aos filhos, o seu afeto, o seu amor: este é o farol a partir do qual poderão enfrentar os desafios sejam quais forem em um mundo de mudanças tão intensas e velozes. Os especialistas têm sua vez e seu lugar, mas a responsabilidade intransferível de decidir sobre os filhos cabe aos pais, exatamente porque, em último caso, se firma sobre o solo que garante à família o status de sagrada, ou seja, aquilo pelo qual vale a pena morrer, que é o amor. Porém, morre por um filho, uma filha, apenas quem se sente legítimo na função de pai ou mãe, e nenhum especialista estaria disposto a tamanho sacrifício.  

Para retomar o poema de Adélia Prado, o eu lírico não sente saudade de uma mãe perfeita – sente saudade apenas de uma mãe: velha, pecadora que seja, não importa. Os pais podem aprender uma lição valiosa: os filhos não precisam de pais perfeitos – de gerentes dos melhores cuidados. Precisam de pais que se responsabilizem por eles e que se sintam autorizados a serem seus pais, com todas as suas limitações e defeitos, e até com seus pecados, como diria o poema. 

Neste mês da criança, que os pais e as mães se sintam autorizados na função e no exercício da parentalidade e legítimos cuidadores e responsáveis por seus filhos e filhas. E viva todas as crianças. 

*Francisco Neto Pereira Pinto é professor universitário e psicanalista, além de
escritor de obras infantis como “O menino que selecionava sabores” e “Olha
aquele menino, mamãe!”. Marido e pai de dois meninos, ele utiliza a literatura
para contribuir para a criação dos filhos e de exercitar a paternidade.

 

Redação LC

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