Em A privacidade é um luxo que o escritor não pode ter, Lara Ferry conduz o leitor a uma jornada introspectiva em que a escrita se torna um espelho — não apenas de quem escreve, mas também de quem lê. A obra rompe a linearidade tradicional e se estrutura como um mosaico de fragmentos poéticos, cada um revelando uma faceta do pensamento, do sentir e do existir. É um livro sobre os silêncios que habitam o íntimo, sobre o amor que se desfaz e sobre a necessidade de continuar criando mesmo quando o caos parece tomar conta.
Em uma forma híbrida entre ensaio, poesia e diário, a autora costura reflexões sobre a solidão, a autocobrança, o fazer artístico e o tempo. As passagens transitam entre o concreto e o abstrato, ora com observações ácidas sobre a rotina e as expectativas da vida moderna, ora com confissões pessoais que expõem a fragilidade e a força de quem se propõe a olhar para dentro. Há textos que falam sobre o medo de ser esquecida, sobre amores que deixaram marcas, sobre a inquietude de buscar sentido em um mundo cada vez mais ruidoso — e sobre como, para quem escreve, o papel é o último refúgio possível.
Quero sentir muito e quero sentir tudo, deve ser bom sentir essa conexão real,
e não apenas essa mania de escritor de inventar como seria o sentir, para
sentir tem que sentir, ora. Mas hei de me entregar à vulnerabilidade e andar
nua pelo desconhecido. Lá fora, o vento me chama e sussura promessas que
ainda não sei decifrar, mas antes de sair para o mundo meus pés hesitam na
beira, o eco do ontem prende meus tornozelos, eu sei que é preciso sair,
rasgar o que visto e me despir de minha pele antiga, se eu quiser caminhar
completamente nua
A privacidade é um luxo que o escritor não pode ter, p.37
Em meio a essa tessitura de sentimentos, o leitor encontra uma artista que se permite ser contraditória, humana e imperfeita. Lara não busca respostas — ela as desarma, oferecendo perguntas em troca. A publicação funciona como um diário aberto, em que cada fragmento parece escrito na fronteira entre confissão e performance, intimidade e criação. É uma leitura que dialoga com o universo da juventude contemporânea, mas também com todos os que já se sentiram deslocados de si.
“Mais do que contar histórias, quis registrar inquietações, perguntas e reflexões sobre existir. Escrever esse livro foi dar voz ao que antes habitava à sombra e, ao mesmo tempo, abrir um diálogo com quem talvez sinta o mesmo. O diferencial é a franqueza da voz. A obra é crua, íntima e experimental, mas ainda assim acessível. Ele convida o leitor não apenas a consumir literatura, mas a se reconhecer nela”, reflete a escritora.
A privacidade é um luxo que o escritor não pode ter se revela como um manifesto sobre vulnerabilidade e coragem. É uma obra sobre o ato de se despir e, nesse processo, encontrar beleza no inacabado. Mais do que um livro sobre escrever, é uma publicação sobre sentir e sobre a ousadia de transformar a própria vida em arte.
FICHA TÉCNICA
Título: A privacidade é um luxo que o escritor não pode ter
Autor: Lara Ferry Vieira
Editora: Editora Garcia
ISBN: 978-65-83073-36-5
Páginas: 46
Preço: R$24,99
Onde encontrar: Amazon
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Sobre a autora: Lara Ferry é atriz, escritora e produtora. Formada em Liberal Arts pela Regent’s University London e em Entertainment Studies pela UCLA Extension, reúne uma vivência internacional que molda sua visão artística. Atuou e escreveu o curta Corra (2025), atualmente em pós-produção, e protagonizou Lovable (2024), filme premiado no IndieX Film Fest e selecionado para festivais como o Marina del Rey Film Festival e o Indie Vegas Film Festival. Além de atuar no cinema e no teatro, dedica-se à escrita e à produção de roteiros independentes, explorando temas como identidade, vulnerabilidade e criação artística.





