O que era para ser apenas uma aventura de pescaria entre amigos se transforma, pouco a pouco, em uma trama tensa, marcada por tragédias. Após um dia de convivência animada, Miúdo, um dos integrantes mais queridos do grupo, teve um mal súbito e veio a óbito. O ocorrido abalou os demais companheiros de viagem, mas sob um pacto que nem mesmo a morte pudesse interromper o passeio, eles congelam o corpo e permanecem no mato até a data combinada de partirem. O que os protagonistas de Os Monstros do Rio das Mortes não imaginavam é que, anos depois, o caso viria à tona pela imprensa, e eles seriam levados a julgamento por crime de homicídio.
Ambientada no Mato Grosso, a obra escrita pelo advogado Davi Isaias apresenta paralelamente a história de um ex-presidiário, que confessa, a um delegado, ter assassinado o detento Degola. O personagem, cujo nome não é citado em um primeiro momento, relata como assumiu um crime que não cometeu para proteger Fadiga, o verdadeiro autor. À primeira vista, as tramas possuem tons diferentes. No entanto, elas se conectam emocionalmente e simbolicamente. Ambos os núcleos mostram pessoas comuns e frágeis diante das circunstâncias. Seja um preso que confessa por medo, seja um amigo que morre inesperadamente, eles enfrentam os limites da vida.
Ele mesmo queria se entregar, mas eu não deixei. Fiz pra demonstrar minha amizade,
minha gratidão. Todos sabiam que foi ele, mas se eu delatasse, qualquer um podia me
matar, pra ficar bem com ele. Com minha atitude, adquiri o respeito dos outros presos.
Passei a viver mais tranquilo, se é que alguém pode viver tranquilo aqui.
Os monstros do Rio das Mortes, p. 05
Com justaposição dessas duas realidades, o autor mostra o contraste entre o ambiente hostil e opressor do presídio e o aparente paraíso natural do Rio das Mortes, que se revela igualmente selvagem, imprevisível e perigoso. As histórias se articulam para criar uma narrativa que, embora comece leve e até cômica, acaba por revelar camadas sombrias da condição humana. Ao final, o título se revela metafórico: os “monstros” não estão apenas no rio ou nas celas, mas também nos recônditos da alma — nos impulsos, medos, escolhas e omissões.
Os Monstros do Rio das Mortes oferece uma reflexão profunda sobre convivência masculina, fragilidade da justiça criminal, banalização da brutalidade, reconciliações e lealdade. Narra, portanto, as faces ocultas da violência, amizade, sobrevivência, morte e relações humanas. É um livro que incomoda, provoca e permanece ecoando na mente do leitor mesmo depois da última página.
FICHA TÉCNICA
Título: Os monstros do Rio das Mortes
Autor: Davi Isaias da Silva
Editora: Pacos Editorial
ISBN: 978-85-64367-72-2
Páginas: 345
Preço: R$ 53,00
Onde comprar: Amazon
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Sobre o autor: Davi Isaias é advogado formado pela Universidade Federal de Goiás, com especialidade em Direito Penal. Ele foi presidente da Subseção da OAB por três mandatos. Foi vice-prefeito, por dois mandados, de Inhumas, em Goiás. Além de Os monstros do rio das mortes, publicou outros livros: “Cleide Campos, homenagem à sua falecida esposa”; “Contagem Regressiva, contos”; “Crônicas da Goiabeira I” e “Crônicas da Goiabeira II”. Já as obras infantis são “Lucas, o caçador de onça”, “A rã que comia cobra” e “Cricri, um periquito de sorte”, e infantojuvenil “Natal era bom demais” (digital).
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