Fruto da miscigenação, o sentimento de não pertencimento cultural sempre perseguiu a pedagoga, escritora e pós-graduada em Educação Ambiental e Ludopedagogia, Aline Reflegria. Mas, depois que reconheceu a própria ancestralidade e se descobriu como uma mulher negra, decidiu passar adiante a importância do resgate ancestral e étnico-cultural.
Para isso, Aline utilizou a experiência pessoal e profissional para falar sobre o poder da ancestralidade às crianças. Desta forma, nasceu a obra infantil A menina que Ancestrou: “a palavra ‘ancestrou’ não existe no vocabulário da língua portuguesa, fiz uso dela no título como um verbo, ou seja, como uma ação, pensando que saber sobre a ancestralidade vai além do conhecimento, é praticar, vivenciar, é agir, perdoar e não repetir os erros do passado”, confidencia Aline.
A professora de educação infantil também acredita que a literatura pode servir como refúgio e acolhimento dos pequenos. Com a experiência de pedagoga, e ao convier diariamente com a criançada, ela revela que compreendeu o quão importante é a biblioterapia na vida dos pequenos leitores como auxílio a inteligencia emocional. Na entrevista abaixo, Aline Reflegria compartilha mais detalhes que a incentivou na criação do livro infantil A menina que Ancestrou:
O que motivou você a escrever A Menina que Ancestrou?
A.R: O sentimento de não pertencimento que me acompanhou durante toda a vida e as vivências com as crianças que demonstravam conviver com esse mesmo sentimento. Acredito que trabalhando o conceito desde a infância, futuramente diminuirá os padrões ruins no adulto.
Como a sua formação influencia no que você escreve?
A.R: A minha formação e experiências profissionais são a base do que escrevo para o público infantil, por meio delas que venho aprendendo sobre o papel do professor na sociedade, a importância da leitura na educação infantil, construção de valores, preservação do meio ambiente, qualidade de vida, sustentabilidade e como usar o lúdico para estimular as aprendizagens de forma interativa.
De que modo você dialoga com as crianças sobre miscigenação e ancestralidade?
A.R: Por meio de histórias, brincadeiras, de uma escuta e conversa afetiva; dialogando sobre a valorização das próprias características, a importância do respeito pelas diferenças, fazendo uma leitura de mundo das crianças, suas famílias e envolvendo-as no processo, também ao trazer de volta alguns conhecimentos e ensinamentos do passado com autoestima e respeito, e buscar desconstruir padrões ruins e reconstruir os caminhos do futuro.
O seu livro visa acolher pessoas. De que forma você trabalha o pertencimento cultural na obra?
A.R: Á partir do momento que você conhece a sua história, que você vive e age de acordo com os saberes ancestrais, você se empodera e passa a se sentir parte da cultura, passa a valorizar outras culturas, quebrando padrões ruins e valorizando seus ancestrais. E a protagonista do livro passa por isso.
Como surgiu a ideia para a criação do termo “ancestrar”?
A.R: Me questionei que não bastava apenas conhecer sobre ancestralidade. Que é preciso ter atitudes após os saberes e a partir daí fazer diferença no mundo. Pensei que a ancestralidade precisava virar verbo, ou seja, uma ação: depois de algum tempo, reconheci minha ancestralidade, então agora vou viver ela e passar para as próximas gerações.
Sobre a autora
Aline Reflegria é o pseudônimo de Aline Ariane Aparecida Rossi, nascida em 1987, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Formada em pedagogia, pós-graduada em Ludopedagogia e Educação Ambiental, atualmente é professora de educação infantil, casada e mãe de dois.
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Para ler o release da obra “A menina que Ancestrou”, clique AQUI.