O algoritmo não é um intruso comedido, nem um hóspede reservado, pelo contrário. Ele espalha segredos e convoca adivinhações na mesma velocidade que os aplicativos brotam a cada semana, instruindo um programa ou IA a fazer muitas coisas, as quais não estamos cientes.
As redes sociais são movidas por vídeos, fotos, textos curtos e convivem com os algoritmos que se deslocam entre elas com uma desenvoltura ligeira e firme. Mas também encontramos oscilações entre eles, ao exemplo do Twitter que já andou um pouco manco perto do novo quridico Koo, indiano, veloz e potente. Entre Tiktok, e BeReal (outro recém chegado), milhares de adolescentes vão desfilando suas vidas por aí, compartilhando tudo o que fazem e mesmo os lugares que frequentam.
E você? Onde compartilha seus vestígios vitais?
A violência em rede tem merecido a atenção de todos, inclusive dos algoritmos que nos entregam o conteúdo mais “relevante”, julgando as publicações que irão ou não aparecer em nosso feed. Já parou para pensar que um algoritmo conhece você melhor que seu marido? Estamos preparados para enfrentar a inteligência artificial, que aprende e replica sem demonstrar nenhum cansaço tudo o que nós humanos fazemos? Como nos proteger dos exageros jogados nas redes?
São reflexões como essas que proponho em “Laila”, um romance ficcional sobre uma jovem influenciadora que tem milhares de seguidores, ou melhor, que acredita ter. Ao descobrir que foi vítima do tráfico humano, ela precisa lidar com os excessos de exposição nas redes sociais, resetando verdades, ressignificando valores e compreendendo o quanto os algoritmos auxiliaram na construção de seu perfil, que se revelou tão falso quanto sua identidade.
*Vanessa Silla é formada em Letras, com Especialização em Literatura Brasileira, mestre e doutora em Escrita Criativa pela PUCRS. Com 12 livros publicados, transita entre poesia, crônica e prosa. “Laila” seu romance mais recente e que constrói um diálogo entre literatura e tecnologia.